Eu sempre quis entender: porque não entendo, escrevo. Como jamais entenderei, até o fim da vida tentarei expressar em palavras e entrelinhas esse desejo inalcançável.

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12 de dezembro de 2012

Nunca sabemos ao certo quando deixamos de...

 
"Nunca sabemos ao certo quando deixamos de ser importantes.
É triste perceber que quem tanto me importa não olha por mim, apenas me vê.
Não altera em nada sua lista de prioridades quando preciso de socorro, atenção. Apenas (depois, sempre depois) desculpa-se. Diz que as coisas estão complicadas. Está constantemente ocupado, atrapalhado. Sempre se sai com ótimos motivos para não ter ido, feito, acompanhado. Conhece meus gostos, minhas neuras, o porquê do riso rasgado. Sabe o número do meu telefone, onde vivo, mas mora num outro universo, do qual não tenho o endereço, nem pertenço: é péssimo notar que sou pouco para quem é muito pra mim(...)"
 
Ailin Aleixo
 

9 de novembro de 2012

A ARTE DE VIVER JUNTOS

Conta uma lenda dos índios sioux que, certa
vez, Touro Bravo e Nuvem azul chegaram de
mãos dadas à tenda do velho feiticeiro da
tribo e pediram:
- "Nós nos amamos e vamos nos casar. Mas
nos amamos tanto que queremos um
conselho que nos garanta ficar sempre
juntos, que nos assegure estar um ao lado do
outro até a morte. Há algo que possamos
...
fazer?"
O velho, emocionado ao vê-los tão jovens, tão
apaixonados e tão ansiosos por uma palavra,
disse: - Há o que possa ser feito, ainda que
sejam tarefas muito difíceis.
Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao
norte da aldeia apenas com uma rede, caçar o
falcão mais vigoroso e trazê-lo aqui, com vida,
até o terceiro dia depois da lua cheia.
E tu, Touro Bravo, deves escalar a montanha
do trono; lá em cima, encontrarás a mais
brava de todas as águias. Somente com uma
rede deverás apanhá-la, trazendo-a para mim,
viva!
Os jovens se abraçaram com ternura e logo
partiram para cumprir a missão.
No dia estabelecido, na frente da tenda do
feiticeiro, os dois esperavam com as aves.
O velho tirou-as dos sacos e constatou que
eram verdadeiramente formosos exemplares
dos animais que ele tinha pedido.
E agora, o que faremos? Os jovens
perguntaram.
-Peguem as aves e amarrem uma à outra
pelos pés, com essas fitas de couro. Quando
estiverem amarradas, soltem-nas para que
voem livres.
Eles fizeram o que lhes foi ordenado e
soltaram os pássaros. A águia e o falcão
tentaram voar, mas conseguiram apenas
saltar pelo terreno.
Minutos depois, irritadas pela
impossibilidade do vôo, as aves
arremessaram-se uma contra a outra,
bicando-se até se machucar.
Então o velho disse:
-Jamais esqueçam o que estão vendo, esse é
o meu conselho. Vocês são como a águia e o
falcão. Se estiverem amarrados um ao outro,
ainda que por amor, não só viverão
arrastando-se, como também, cedo ou tarde,
começarão a machucar um ao outro.
Se quiserem que o amor entre vocês perdure,
voem juntos, mas jamais amarrados.
Libere a pessoa que você ama para que ela
possa voar com as próprias asas.
Essa é uma verdade no casamento e também
nas relações familiares, de amizades e
profissionais.
Respeite o direito das pessoas de voar rumo
ao sonho delas.
A lição principal é saber que somente livres as
pessoas são capazes de amar.
Ninguém é de ninguém. Se quiserem viver
juntos, em paz, deixem de lado o ciúme e
desconfiança.
É impossível viver bem quando não há
confiança e respeito de ambas as partes.

Autoria Desconhecida

8 de novembro de 2012

Que e ele mesmo?

Depois de um bom tempo dizendo que eu era a mulher da vida dele, um belo dia eu recebo um e-mail dizendo: ‘olha, não dá mais’. Tá certo que a gente tava quase se matando e que o namoro já tinha acabado mesmo, mas não se termina nenhuma história de amor (e eu ainda o amava muito) com um e-mail, não é mesmo?

Liguei pra tentar conversar e terminar tudo decentemente e ele respondeu: ‘mas agora eu to comendo um lanche com amigos’.

Enfim, fiquei pra morrer algumas semanas até que decidi que precisava ser uma mulher melhor para ele. Quem sabe eu ficando mais bonita,mais equilibrada ou mais inteligente, ele não volta pra mim?

Foi assim que me matriculei simultaneamente numa academia de ginástica, num centro budista e em um curso de cinema. Nos meses que se seguiram eu me tornei dos seres mais malhados, calmos, espiritualizados e cinéfilos do planeta.

E sabe o que aconteceu? Nada, absolutamente nada, ele continuou não lembrando que eu existia. Aí achei que isso não podia ficar assim, de jeito nenhum, eu precisava ser ainda melhor pra ele, sim, ele tinha que voltar pra mim de qualquer jeito.

Decidi ser uma mulher mais feliz, afinal, quando você é feliz com você mesma, você não põe toda a sua felicidade no outro e tudo fica mais leve.

Pra isso, larguei de vez a propaganda, que eu não suportava mais, e resolvi me empenhar na carreira de escritora, participei de vários livros, terminei meu próprio livro, ganhei novas colunas em revistas,quintupliquei o número de leitores do meu site e nada aconteceu.

Mas eu sou taurina com ascendente em Áries, lua em gêmeos e filha única!

Eu não desisto fácil assim de um amor, e então resolvi que eu tinha que ser uma super ultra mulher para ele, só assim ele voltaria pra mim.

Foi então que passei 35 dias na Europa, exclusivamente em minha companhia, conhecendo lugares geniais, controlando meu pânico em estar sozinha e longe de casa, me tornando mais culta e vivida. Voltei de viagem e tchân, tchân, tchân, tchân: nem sinal de vida.

Comecei um documentário com um grande amigo, aprendi a fazer strip, cortei meu cabelo 145 vezes, aumentei a terapia, li mais uns 30 livros, ajudei os pobres, rezei pra Santo Antonio umas 1.000 vezes, torrei no sol, fiz milhares de cursos de roteiro, astrologia e história, aprendi a nadar, me apaixonei por praia, comprei todas as roupas mais lindas de Paris.

Como última cartada para ser a melhor mulher do planeta, eu resolvi ir morar sozinha. Aluguei um apartamento charmoso, decorei tudo brilhantemente, chamei amigos para a inauguração, servi bom vinho e comidinhas feitas, claro, por mim, que também finalmente aprendi a cozinhar.

Resultado disso tudo: silêncio absoluto.

O tempo passou, eu continuei acordando e indo dormir todos os dias querendo ser mais feliz para ele, mais bonita para ele, mais mulher para ele. Até que algo sensacional aconteceu.

Um belo dia eu acordei tão bonita, tão feliz, tão realizada, tão mulher, que eu acabei me tornando mulher demais para ele.

Ele quem mesmo?

Martha Medeiros
foto do blog Bastiodores do Cotidiano
''Passei a maior parte da minha vida enriquecendo uma longa espera pelos grandes acontecimentos.
Agora compreendo a estranha inquietação, o trágico senso de fracasso, o profundo descontentamento.
Eu estava esperando a hora de expansão, do viver verdadeiro.
Todo o resto foi uma preparação para ficar apoiada em meus próprios pés novamente,
para não depender de ninguém.
Por quê?
Medo de ser magoada mais uma vez..."

Anais Nin

Quase

Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.

Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.
 
Luis Fernando Verissimo

Minha pessoa favorita ...

São Paulo, Av. São João, 407 (de um hotelzinho improvisado que busquei refúgio agora).
28 de dezembro de 2011: três dias para o fim do ano.

Escuta. Hoje fiquei o dia inteiro deitada numa cama de casal amarrotada rabiscando meu corpo à caneta, pensando em você, apontando nuvens da janela, esperando o telefone tocar. Caiu uma chuva boba aqui há pouquinho, ainda não tive coragem de sair na rua, comprar pão, marcar minha passagem de volta na rodoviária, tomar uma atitude. Tudo às vésperas do ano-novo. Me falta fôlego pra tanta promessa de novidade. Eu sei que todo mundo está esperando uma mudança grande nas apostas de mensagens de luz estampadas em tantas camisetas brancas. Inclusive eu. De uma forma mais ou menos hipócrita, mas eu também. Não importa tanto. Importa é que isso tudo trouxe de volta um frio duvidoso na barriga agora: aquela quase-vontade-de-você. Vim te procurar pra contar que tenho arquitetado um plano particular pra te ter aqui outra vez, embrulhado em laço vermelho gigante, carregando um sorriso charmoso de felicidade que um dia me fez acreditar em tudo-de-novo. Loucura. Eu sei. Mas todo mundo tem direito a um pedido particular e impossível no último dia do ano. "Carpe Diem" e toda-qualquer bobagem que te faça feliz.

Faz tempo que eu não te encontro em nenhuma rota de fuga, nenhum filme na TV, nenhum gosto de hortelã mastigada no canto da boca que me lembra tanto seu contorno e suas manias. Aguardei teus presentes, chamegos, mimos, beijos telepáticos de madrugada por pensamentos de saudade. Nada. Você sumiu na data mais esperançosa do ano, como se não precisasse reafirmar valores e pesar desejos. Eu fui ao cinema, vi todas as luzes lindas na 23 de maio, comprei panetone, fiz uma oração antes de jantar e dormi sozinha antes de discar o seu número no visor do celular. Não tenho me divertido tanto como antes, nem feito grandes jogadas para conquistar as coisas. Espero pouco das pessoas e dou apenas parte do que sou capaz de oferecer.

Tenho me arriscado menos, contrariando a minha personalidade. O resultado disso são doses cavalares de falta de companhia e, agora, tarde no meu entendimento, essa saudade de você. Hoje gozei de solidão duas vezes afundada numa banheira descascada que pinga água de um lado só, abracei meus cotovelos de madrugada embaixo da coberta, vi TV no mudo e me contraí inteira num banho gelado de vinte minutos que serviu apenas para reafirmar minha habilidade em praticar solidão. Ou minha mania escrota de querer romancear as coisas com ironia. Sempre fiz pouco caso do amor e tomei na cara rindo quando ele me pegou de surpresa.

Admito. Não estou feliz, mas não tenho nenhum medo de não conseguir ficar. Não agora, enquanto eu me fortaleço de toda a minha capacidade de reerguer o que sobra de mim em finais sem esperança. Enquanto eu estranho tanto gostar de você e querer isso mesmo sem saber porquê. No último dia do ano eu renasço, mudo, esmurro a ponta da faca se for preciso, como canta o Cazuza no som da cozinha agora. Driblo nossa indiferença pra ser feliz com o teu amor: mesmo longe, mesmo sem sinal vital ou qualquer indicação de que os meus sonhos confusos possam mesmo acontecer.

Sei que sou uma mulher que não soube dar à luz, amarrar um laço, ficar em um lugar só. Você sabe, enfim. Agi o tempo todo, ou boa parte do tempo todo, movida por desejos intempestivos de mudanças bruscas. Uma série de novidades que perderam a graça com a mesma velocidade urgente que eu as quis e conquistei. Não me arrependo, nem me condeno. Te levei pra longe, mas você me fez acreditar que eu poderia ser amada assim: em qualquer nível de mutação. Acreditei (acredito? acho que sim, talvez, meu deus como estou confusa). Não sei se estou bem ou mal, doente ou saudável, feliz ou descontente agora, escornada em um sofazinho de camurça falsificada tentando desabrochar para o que der e vier.

Muita gente me acha alguém de exemplo: bem de pele, de cama, de vontade de viver. Eu sempre respondo que depois de largar o cigarro a gente passa a ter mais ar para respirar e sorrir melhor, nada demais. Blah. Que besteira. Parece que realmente a gente não pode mais dar um trago num cigarro, nem ficar em silêncio, nem querer de volta alguém que já morreu. É crime: condenação popular. Discordo e nem discuto se eu puder ficar quietinha aqui sem ninguém apontando a direção. Acho que tenho direito aos meus quinze minutos de anonimato e falta de tempero para o convívio social à qualquer custo e todas as regrinhas malucas que ele coloca na sua cabeça. Cheguei à conclusão que nem sempre existe o jeito certo ou o errado: existe o momento. Que às vezes se encaixa dos dois lados.

Achei que devia casar contigo. Montar uma família, colecionar pratos, ficar bonita e feliz durante um bom tempo. Tsc. Não sei o que me faz falta: só sei que no meio de tantas buscas e abismos e desencontros vazios, eu tropeço quase sempre em você. No fundo e com uma pontada de saudade, preciso apenas que você mostre que ainda esta aí. Manda um sinal de fumaça, um telegrama, uma interrupção em rede nacional na programação televisiva do país inteiro em minha intenção, ou um alô genérico qualquer. Quero saber se você ainda existe, daquele jeito meu ou de qualquer um. Não importa tanto como você vai aparecer. Eu vou gostar, saiba disso apenas.

Porque certas coisas não mudam. Você nunca foi e nunca será. Você simplesmente é. E quero essa promessa antiga de volta. Me permito acreditar em você quando for erguer um copo de bebida qualquer pra brindar tanto faz o que for. Você é minha esperança em fitinhas coloridas ao vento com as melhores mensagens que alguém pode desejar a alguém. Minha pessoa favorita, eu poderia dizer. Te quero junto e perto, contrariando nossos desconhecidos limites geográficos e sentimentais. Bem me quer, mal me quer, me aceite. E responda a minha carta antes de eu bater com os pés na sua calçada outra vez prometendo felicidade: o ano começa daqui a pouco, estamos na contagem regressiva. Não quero perder nada. É o meu pedido.

De qualquer jeito, forma e tamanho,
Você.
Assinado, eu.
 Lucas Simões