Eu pude perceber você ali em meio aquela miríade. Pude perceber tua ansiedade, teu nervosismo no ato de entrelaçar as mãos e olhar para os lados como quem procura algo, alguém. Pude perceber o mesmo brilho que vi em meus sonhos, nos teus olhos e... cheguei a confundi-los com as estrelas. Fiquei ali, meio que te observando me esperar surgir, meio que criando coragem de olhar finalmente nos teus olhos, sem que eu fosse acordado a qualquer momento. Sem que nada nos atrapalhasse! Fiquei ali te admirando e sem acreditar no que estava acontecendo. Você era real! E estava ali bem na minha frente de braços abertos para me receber em teu mundo, em teu coração, em tua vida. Você se destacava! Meus olhos focaram-se em você, me desprendi de tudo ao redor, desfoquei e encontrei os teus olhos. Congelei! Suei frio e ao mesmo tempo senti queimar algo em minhas veias. Senti o amor tomar forma, encarnar-se em mim e em você. Senti o carinho em teus olhos e a felicidade em teu sorrir. Senti o estômago embrulhar ao ver que você vinha em minha direção. Passos apressados. Não corria, mas também não andava. Senti flutuar! Minhas mãos pareciam inúteis e todo o meu ensaio escorreu pelos lábios. A nostalgia se fez presente relembrando os momentos antes vividos em sonho. Meus olhos não comportaram a felicidade e a emoção se tornou matéria. As lágrimas percorreram meu rosto e rolaram até morrerem em meus lábios antes mesmo de alcançarem o chão. As pernas enfraqueceram! E as forças pareciam se esvair. Não sabia ao certo o que me mantinha em pé. Você se aproximou, te via de perto agora. Em fração de segundos meus olhos te percorreram de alto a baixo. Não consegui te dizer nada. Deixei que o silêncio falasse e meus olhos refletissem a minha essência. Eles se perdiam no fundo dos teus sem pressa alguma para se encontrar. Você ali, parado me olhando parecia surreal. A beleza de tua alma transbordava pelas janelas e as portas do teu coração se abriram bem diante de mim. Como quem convida pessoalmente alguém para adentrar em seu mundo. Como quem te aceita de braços abertos, assim: do jeitinho que você é. Como alguém que carrega as tuas bagagens, como quem te pega pela mão e mostra o caminho. E vai contigo! Você me abraçou, eu te abracei. Nós nos abraçamos! Ali não havia dois abraços distintos e sim um abraço só, repleto de sentimentos, histórias ainda não vividas, desejos conservados e vontades habitadas em cada um de nós. Não mais dois, éramos (agora) um só. Éramos mais um destes casais apaixonados dispostos a mergulhar (juntos) na imensidão da vida, tendo como embarcação o nosso coração e como alimento o nosso amor. Sedentos pelo conhecimento, apaixonados pela escrita e pela sinceridade das palavras. Pela transparência da alma! Somos admiradores das entre-linhas, daquilo que as palavras não podem expressar e só o coração pode tocar. Somos daqueles que se calam e deixam o silêncio expressar o sentimento. Daqueles que mergulham e buscam no fundo da alma a pérola mais preciosa da vida: o sentido de amar. Somos começo, meio mas jamais fim. Tenho você habitando em mim e você me tem habitando em ti. Somos moradores do coração um do outro, cúmplices, amigos e amantes. Somos o resgate do nosso Eu, o início do Nós. Somos escritores de uma história, que ainda está sendo escrita, que já tem um começo lindo e se Deus quiser jamais terá um fim.
Reges Medeiros
Olinda/PE - Brasil (Recanto das Letras)
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