Eu sempre quis entender: porque não entendo, escrevo. Como jamais entenderei, até o fim da vida tentarei expressar em palavras e entrelinhas esse desejo inalcançável.

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2 de novembro de 2012

O dia em que te encontrei, sem ser em meus sonhos


Eu pude perceber você ali em meio aquela miríade. Pude perceber tua ansiedade, teu nervosismo no ato de entrelaçar as mãos e olhar para os lados como quem procura algo, alguém. Pude perceber o mesmo brilho que vi em meus sonhos, nos teus olhos e... cheguei a confundi-los com as estrelas. Fiquei ali, meio que te observando me esperar surgir, meio que criando coragem de olhar finalmente nos teus olhos, sem que eu fosse acordado a qualquer momento. Sem que nada nos atrapalhasse! Fiquei ali te admirando e sem acreditar no que estava acontecendo. Você era real! E estava ali bem na minha frente de braços abertos para me receber em teu mundo, em teu coração, em tua vida. Você se destacava! Meus olhos focaram-se em você, me desprendi de tudo ao redor, desfoquei e encontrei os teus olhos. Congelei! Suei frio e ao mesmo tempo senti queimar algo em minhas veias. Senti o amor tomar forma, encarnar-se em mim e em você. Senti o carinho em teus olhos e a felicidade em teu sorrir. Senti o estômago embrulhar ao ver que você vinha em minha direção. Passos apressados. Não corria, mas também não andava. Senti flutuar! Minhas mãos pareciam inúteis e todo o meu ensaio escorreu pelos lábios. A nostalgia se fez presente relembrando os momentos antes vividos em sonho. Meus olhos não comportaram a felicidade e a emoção se tornou matéria. As lágrimas percorreram meu rosto e rolaram até morrerem em meus lábios antes mesmo de alcançarem o chão. As pernas enfraqueceram! E as forças pareciam se esvair. Não sabia ao certo o que me mantinha em pé. Você se aproximou, te via de perto agora. Em fração de segundos meus olhos te percorreram de alto a baixo. Não consegui te dizer nada. Deixei que o silêncio falasse e meus olhos refletissem a minha essência. Eles se perdiam no fundo dos teus sem pressa alguma para se encontrar. Você ali, parado me olhando parecia surreal. A beleza de tua alma transbordava pelas janelas e as portas do teu coração se abriram bem diante de mim. Como quem convida pessoalmente alguém para adentrar em seu mundo. Como quem te aceita de braços abertos, assim: do jeitinho que você é. Como alguém que carrega as tuas bagagens, como quem te pega pela mão e mostra o caminho. E vai contigo! Você me abraçou, eu te abracei. Nós nos abraçamos! Ali não havia dois abraços distintos e sim um abraço só, repleto de sentimentos, histórias ainda não vividas, desejos conservados e vontades habitadas em cada um de nós. Não mais dois, éramos (agora) um só. Éramos mais um destes casais apaixonados dispostos a mergulhar (juntos) na imensidão da vida, tendo como embarcação o nosso coração e como alimento o nosso amor. Sedentos pelo conhecimento, apaixonados pela escrita e pela sinceridade das palavras. Pela transparência da alma! Somos admiradores das entre-linhas, daquilo que as palavras não podem expressar e só o coração pode tocar. Somos daqueles que se calam e deixam o silêncio expressar o sentimento. Daqueles que mergulham e buscam no fundo da alma a pérola mais preciosa da vida: o sentido de amar. Somos começo, meio mas jamais fim. Tenho você habitando em mim e você me tem habitando em ti. Somos moradores do coração um do outro, cúmplices, amigos e amantes. Somos o resgate do nosso Eu, o início do Nós. Somos escritores de uma história, que ainda está sendo escrita, que já tem um começo lindo e se Deus quiser jamais terá um fim.


Reges Medeiros
Olinda/PE - Brasil (Recanto das Letras)

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