Camila HeloíseDigamos que as coisas não sejam tão efêmeras como um arco-íris. [desconhecido]Tenho medo de ficar velha e não encontrar um bom motivo para amar as minhas tatuagens enrugadas, o meu corpo colorido. Tenho medo de ir embora daqui para outro Estado e passar o resto da vida me mudando e tentando me adaptar a algum lugar. Medo de não descobrir a cura para um coração doente de saudade. De não encontrar a resposta que alivie uma dor antiga, nem encontrar a receita que aproxime os corações. Tenho um medo danado de morrer sem ter pedido desculpa. Aquela desculpa de uma culpa que eu levei anos para sentir. Medo de perder a visão, de perder o equilíbrio e cair do alto da minha montanha de ego. Não quero inflar tanto a ponto de perder a visão do meu umbigo, nem achar que o mundo todo é ele, e nada mais. Tenho medo de nunca mais sentir aquele friozinho na barriga avisando que algo muito bom vem por aí. De deixar de ser patética, engraçada, esquisita, descarada. Medo de nunca experimentar o amanhã, o depois de depois do amanhã. Tenho medo de nunca descobrir se aquilo era mesmo amor, se era paixão ou apenas curiosidade. Medo de descobrir que eu realmente podia ter feito alguma coisa para impedir qualquer outra coisa ruim de acontecer. Que eu realmente deixei alguma coisa por dizer. Que a minha dúvida me desviou de alguém que não devia ter desviado. Que a minha miopia me aproximou de algo que não devia. De não ver graça nas coisas simples, de me esquecer do que realmente preciso e precisar de cada vez mais coisas para me sentir viva. Tenho medo de nunca mais segurar aquela mão pequena. Nunca mais ver aqueles olhos brilhando. Medo de desistir de você. Desistir de mim. De ganhar quilos e mais quilos de covardia acumulada. Não quero ser de plástico. Não quero nunca amar qualquer coisa que seja de plástico. Tenho medo de perder o caminho de volta para casa. Medo de pirar de madrugada, fazer as malas e querer voltar. De ficar com medo da chuva. De me esconder embaixo da cama por dias. Medo de este medo me partir em dois, de ele me engolir inteira, me cuspir apenas os ossinhos para fora. Medo. De ter medo para sempre e não ter mais nada, além disso.
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